Emanuel meu milagre!
Conhecer o grupo, pra mim, foi como sentir o abraço apertado e aconchegante de uma mãe quando estamos passando por grandes problemas. E eu, como mãe, estava assim.
No dia 25/04/2018, meu filho Emanuel nasceu. Foi um parto tranquilo. Após ele nascer percebi que não chorou de imediato e, quando chorou, foi um chorinho rouco e agoniante. Não ouvi nenhum barulhinho. A médica colocou ele próximo do meu rosto e percebi que estava roxo e logo perguntei por que ele estava assim. Meu obstetra, muito carinhoso e humano, falou: "ele está bem mãezinha, vamos colocar ele pra tomar um pouco de oxigênio, mais ele está bem". Claro que foi pra me tranquilizar.
No outro dia esperei as enfermeiras levarem ele para o quarto. Estranhei a demora e desci pra procurar informações. Ao sair do elevador já me deparei com a porta da UTI e, ao lado, vi uma grande movimentação. Até então não sabia que era com Emanuel. Fiquei na porta para tentar ver. Vi Emanuel muito ofegante, ouvi aquele barulho horrível e super alto. Sua cor estava azulada. Eu quase cai dura. Os médicos correram com ele pra UTI. Foi um horror. Se formou um buraco dentro de mim e eu não entendia nada do que estava acontecendo.
Logo após estabilizarem Emanuel, o pediatra do plantão veio conversar comigo. E já de primeira me deu o diagnóstico. Ele pediu que fossemos atrás de um otorrino para maiores detalhes e para realização de exames. Fiquei sem chão naquele momento. Tudo pronto na minha casa para a chegada dele e, de uma hora pra outra, tudo mudou.
Fomos a procura de um otorrino fora do hospital, porque lá não tinha. Encontramos uma profissional com um coração gigante. Ela fez o exame. Realmente ele tinha laringomalácia e também alguns cistos laríngeos. Por isso a grade dificuldade para respirar. Após o diagnóstico, ele permaneceu na UTI por 24 dias. Eu tive alta e vim pra casa sem meu filho. Foi uma sensação horrível não vê-lo no seu berço, não escutar seu choro, não colocá-lo pra mamar a todo momento. Mas eu agradecia a Deus por ele estar vivo.
Quase todos os dias eu ia visitá-lo no hospital. Não pude ficar com ele na UTI porque era norma do hospital. Fazia a ordenha pra Emanuel se alimentar do meu leite pela sonda. Mesmo com muita dor, com os seios rachados e por vezes até sangrando, eu ficava feliz em poder dar a ele esse alimento cheio de amor.
Os dias se passaram. Começamos a correr atrás de outro hospital com mais suporte para transferi-lo, para que ele fizesse a cirurgia de retirada dos cistos. Quanto a LM, não foi preciso fazer cirurgia. Conseguimos a transferência e foi feita a cirurgia com a mesma otorrino que fez o exame. Ela ficou com Emanuel por algumas semanas ainda, fazendo o acompanhamento após a cirurgia.
O quadro de Emanuel ainda não estava estável. Ele continuava intubado e a saturação caia muito. Mas a fisioterapeuta era maravilhosa e fazia de tudo pra Emanuel ter um conforto. Quando a fisio e equipe médica decidiram tirar o tubo, ele ficou estável por alguns dias. Mas o estridor era muito alto (e agoniante por sinal). Mesmo assim, depois de 15 dias internado nesse hospital, nos deram alta pro quarto. Ele ia começar a fonoterapia pra a retirada da sonda. Mas após com 05 dias no quarto, Emanuel broncoaspirou após receber a dieta. O estridor piorou, a saturação piorou, o desconforto piorou e tivemos que voltar pra UTI. Foram minutos agoniantes. Ele parou de respirar algumas vezes e, então, o intubaram de novo - foi terrível.
A nossa luta foi grande. Os médicos começaram a desconfiar que não existia só LM. Chamamos uma pneumologista para avaliar Emanuel. Ela pediu uma tomografia e uma broncoscopia. Após sair o resultado, ele foi diagnosticado com broncomalácia no brônquio esquerdo, uma atelectasia no pulmão direito e um anel vascular que, até o momento, não comprimia a traqueia. Tudo isso dificultava muito a passagem do ar. Para a questão do anel vascular, não foi preciso cirurgia. Então, era só esperar Emanuel ficar estável. Não tinha muita coisa que pudéssemos fazer. Claro que a fisioterapia o ajudava. E Deus, sem dúvida nenhuma.
Quando Emanuel ficou estável, a noite a médica disse que eles iam retirar o tubo para ver como ele reagia. Eu fiquei feliz. Mas Emanuel resolveu não esperar e ele mesmo puxou logo o tubo na hora da dieta. Eu estava cochilando, achei que estava até sonhando quando ouvi seu choro ainda pensei: "Não é Emanuel. Ele está intubado não dá pra ouvir seu choro. Deve ser outro bebê". Acho que Deus pediu que eu levantasse pra vê-lo. Como ele puxou o tubo durante a dieta, a cena que encontrei foi ele com o rosto cheio de bolhas de leite. Ele sempre foi danadinho.
Só que, depois disso, ele piorou novamente. E é aí que eu digo que ele é meu milagre. Ficaram o resto da noite fazendo fisioterapia, colocando ele no oxigênio, fazendo nebulização, fizeram de tudo para não intubá-lo novamente. Ele foi intubado é extubado muitas vezes e isso poderia trazer complicações no futuro. As 06:20h Emanuel teve uma parada respiratória nos meus braços e voltou. Após 20 minutos, teve outra. As 07:15h mais uma. Eu fiquei anestesiada e minhas lágrimas caiam de 04 em 04. Foi quando a médica disse que não tinha jeito e teriam que intubá-lo de novo. Eu entreguei ele nos braços da médica e disse: "seja feita a vontade de Deus". Foram mais alguns dias intubado.
Você pode imaginar o que é um bebê ter 03 paradas respiratórias e não ficar com nenhuma sequela neurológica? Só Deus para fazer isso. Ele é maravilhoso! Emanuel ficou estável mais uma vez. E o medo de retirar o tubo e ele piorar? Mas ele conseguiu ficar sem tubo. No total, ficamos 03 meses nesse hospital.
Então chegou o dia da alta. Viemos pra casa de home care, com tudo que Emanuel precisava. Oxigênio, pediatra uma vez na semana, fisioterapia 05 dias na semana, 04 técnicas (24h de home care), fono, tudo muito bem organizado. Fora os médicos que ficaram para acompanhar fora do home care: pneumologista, otorrino, cardio e cirurgião torácico. Ficamos 01 ano e 05 meses de home care. Foi uma luta pra sair da sonda, mas conseguimos. Emanuel teve alta do home care. Seguimos sempre com o acompanhamento dos outros médicos. Ele teve algumas recaídas, tipos resfriados e gripes, que sabemos que pioram a situação.
Quando me perguntam se ainda existe algum vestígio da LM, respondo que sim, ainda existe. Hoje ele tem dois anos. Depois de tudo isso ele ainda teve mais uma internação. Passou poucos dias internado e, por pouco, não foi intubado. Graças a Deus ele se recuperou. E por que depois de tudo isso ele ainda não melhorou 100%? Bom, sabemos que cada criança é diferente e seu organismo reage de uma forma. A LM é uma questão de tempo e de desenvolvimento da criança. E cada criança é única.
Emanuel, as vezes, tem gripes um pouco mais fortes que pioram o estridor. Por conta disso, os médicos pediram que voltasse com a fisioterapia para que ele tivesse mais suporte. Emanuel não fez cirurgia antes pois o otorrino esperava que com o crescimento ele melhorasse. Ele vai precisar fazer a cirurgia agora porque ele só se desenvolveu em parte. Com a cirurgia esperamos que, entre outras coisas, ele não fique tão ofegante quando pegue gripes ou resfriados.
Bem, é isso! Eu tentei resumir porque nossas histórias são longas. Bom, pelo menos a minha foi (vocês perceberam né kkk). Se fosse pra contar cada detalhe, realmente Seria um livro. Sou infinitamente grata a Deus por tudo que ele tem feito e por tudo que ainda vai fazer. Ao grupo, agradeço pela atenção, pelo carinho e pela porta sempre aberta para todos nós 💙
By mamãe Andreza
Youtube: Mamãe Coruja 2
Todo conteúdo que disponibilizamos é meramente informativo. O diagnóstico e a condução do tratamento só devem ser feitos pelo seu médico. Textos e comentários não substituem a consulta médica. Cada caso é um caso e requer atenção médica individualizada. Se você acha que o bebê está com problemas para respirar, chame o SAMU ou procure o pronto atendimento.
Publicado em 22/06/2020