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segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Tratamento fora de domicílio

Quando, por qualquer motivo, temos que sair do nosso domicílio para tratamento médico, imediatamente bate um certo medo. E isso torna-se mais mais difícil quando, além de lidar com o desconhecido, você precisa lidar com o desconhecido acompanhado por uma criança.

Carlinhos Tuca e Carlinhos

Essas orientações servem, principalmente, para tranquilizar e dar algumas dicas preciosas. E, com isso, ajudar você a ter mais segurança para encarar o que vem pela frente.

Em primeiro lugar, procure ter informações suficientes sobre o médico, clínica e/ou hospital que você vai. Conversar com os médicos e trocar informações com famílias de pacientes, é extremamente importante para você não perca tempo e dinheiro. E essas informações também são essenciais para que você não fique frustrado. Isso vale tanto para tratamentos via SUS quanto pelo convênio (ou particular).

Procure saber a formação, a especialização e a experiência médico na área desejada. E, quando for o caso, faça a estimativa de valores que poderão ser necessários para o tratamento. Nem sempre tudo é coberto. Informe-se.

Ter ideia de quanto tempo aproximadamente ficará na cidade também é fundamental. Você poderá ter uma ideia sobre isso conversando com o médico responsável ou mesmo através do hospital ou clínica onde serão realizadas as consultas, exames e/ou procedimentos.

Outra questão importante é: você irá sozinha com a criança ou contará com a ajuda de alguém? Esse será um dos principais quesitos pois, a partir de agora, você precisa começar a programar sua viagem.

Caso seu filho precise ficar internado, é muito importante ligar antes para o hospital ou clínica para saber como que funciona em relação a acompanhantes e visitas. Se poderá haver troca de acompanhante, se é preciso que um acompanhante permaneça o tempo todo no hospital, que tipo de documento precisa ser apresentado, etc. Lembrando que cada instituição tem seu próprio regimento e as regras podem mudar de um local para outro. Com essas informações em mãos, é importante saber que, se mais alguém for com vocês será necessário procurar um local para hospedagem. Geralmente, perto dos grandes hospitais, existem pousadas, hotéis, hostels, etc. Você pode obter informações sobre estes locais com o próprio hospital ou clínica. Procure por indicações de outras famílias ou em grupos. Dê uma pesquisada no Google por referências.

Existem também as casas de apoio, disponíveis em determinados centros. Converse com a assistência social da instituição na qual você está buscando tratamento sobre essa possibilidade, se necessário.

Caso a criança precise ficar na UTI (unidade de terapia intensiva), normalmente existe uma área exclusiva para atender aos acompanhantes destas crianças, para alimentação e banho dentro do próprio hospital.

Atenção: a criança tem direito a permanência 24h de um acompanhante. É um direito da criança e está previsto no artigo 12 do ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente. Você pode entrar em contato com o Disque Direitos Humanos. As ligações podem ser feitas de todo o Brasil, gratuitamente, de qualquer telefone fixo ou móvel (celular) - basta discar 100.

Art 12 (ECA): Os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de cuidados intermediários, deverão proporcionar condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente.

Sobre o local de estadia

Ligue com antecedência para os locais e consulte:

- Valores e localização. - Distância do hospital ou clínica. - Acessibilidade (transporte, supermercados, farmácias, etc). - A voltagem da região (110 ou 220W). - Clima (confira a estação).

Confira se o local disponibiliza: - Cozinha e utensílios (que você possa usar). - Frigobar e microondas. - Armário com chave ou cofre. - Água potável. - Serviços de café da manhã e restaurante. - Roupa de cama e lavanderia. - Internet e televisão. - Telefone e guarda volumes. - Secador de cabelo e itens de higiene pessoal.

Questione se é tudo incluído ou se precisa pagar a parte. É importante avaliar se este local é adequado para levar crianças (se for o caso).

A distância pode ser um quesito essencial em grandes centros urbanos, onde a locomoção pode ser mais complicada. Procure escolher o local mais próximo possível ao hospital em cidades maiores.

É importante conferir o clima da região em que você vai, de acordo com a época do ano. Lembrando que, geralmente, a região sul do país é mais fria. Pode ser necessário providenciar roupas adequadas para você e seu filho.

Vacinação: alguns locais têm recomendação de vacinas que não fazem parte do calendário da sua cidade. Confira!

Feito tudo isso, você precisa definir como vai chegar até a cidade. No caso dos ônibus e aviões, é preciso comprar a passagem com antecedência para garantir vaga e também os melhores preços. Chegar ao local de embarque também com antecedência ajuda a evitar possíveis transtornos como perder o embarque. 

Confira o transporte disponível para o caminho aeroporto/rodoviária e o local de hospedagem. Taxi, Uber, etc. Baixe o app, cadastre-se e já salve os endereços que serão uteis na outra cidade. Em caso de ônibus ou metrô, procure salvar a tabela horária (fique atento aos horários que normalmente variam em dias úteis, finais de semana e feriados).

Caso a viagem seja de carro, é sempre bom lembrar que sair de casa com antecedência, com o veiculo abastecido e revisado, evita aborrecimentos no caminho. Pesquisar lugares para alimentação e descanso durante o percurso também é uma boa dica para ter tudo planejado. Também procure informar-se dos valores e disponibilidades de serviços de estacionamento. E, em hospitais, eles costumam ser mais caros. Verifique possíveis convênios da instituição.

Se vocês forem viajar com mais alguém, estabeleça com essa pessoa como será a rotina e de que maneira cada um vai colaborar.

Se você for apenas com a criança, é importante que você tenha em mente que, naquele momento, você pode ter dificuldades com algumas questões básicas como, por exemplo, tomar um banho. Converse com a equipe de enfermagem e veja a possibilidade de algum enfermeiro vigiar a criança enquanto você faz isso.

Lembre-se que, se você estiver sozinha com a criança, será difícil de sair para comprar qualquer coisa fora do hospital. Procure ter tudo o mais planejado possível e antecipe possíveis itens que você possa precisar.

Produtos de higiene: - Escova de dentes, pasta, enxaguante e fio dental. - Escova de cabelo, pente e presilhas. - Absorventes e lenço de papel. - Papel higiênico e algodão. - Sabonete, shampoo e condicionador. - Hidratante e creme para rosto, corpo e/ou cabelo. - Protetor Solar e repelente. - Desodorante e perfumes. - Tesoura, cortador e lixa para unhas. - Alicate de cutículas, esmalte e removedor. - Maquiagem e espelho. - Fraldas e produtos para troca (pomada, lenços, etc). - Álcool gel e curativos.

Itens de vestuário: - Roupas (adequadas ao clima da região). - Pijamas. - Meias e roupas íntimas. - Sapatos e chinelo. - Máscaras. - Bolsa e carteira. - Óculos e relógio. - Cintos e acessórios.

Utilidades: - Toalhas e roupas de cama (se necessário). - Cobertores ou mantas (se necessário). - Travesseiros e almofadas. - Talheres, copos e pratos (se necessário). - Mamadeiras e bicos. - Fórmula e comida para bebê. - Toalhinha ou paninho para o bebê. - Lanchinhos não perecíveis (consulte a política do local). - Sabão, detergente e esponja para roupa e/ou louça. - Cabides, prendedores e corda de varal (se necessário). - Caneta, bloco ou caderneta. - Livros e agenda. - Tesoura e fita adesiva. - Guarda-chuva. - Sacolas plásticas.

Quando você ou a criança precisam de uma dieta especial, é importante se prevenir com isso também. Muitas vezes você não encontra com facilidade a alimentação que você precisa ou gosta.

A questão da alimentação é bem importante. Acompanhantes tem direito a refeições mas pode acontecer de não ter todas que você está acostumado a fazer. Programe-se na questão de possíveis despesas extras com alimentação e tenha sempre um plano b. Água também é um item importante. Fique atento!

Não esqueça: - Carregador do celular, tablet ou notebook. - Fones de ouvido. - Secador de cabelo (opcional). - Pilhas e carregador de pilhas (opcional).

Dê uma atenção especial a mala da criança. O tempo é uma estimativa e nem sempre será possível lavar as roupinhas. Na dúvida, leve a mais.

Importante: - Vitaminas e suplementos. - Medicações em uso ou de uso contínuo. - Receitas de medicamentos em uso ou que podem ser necessários. - Aspirador nasal e nebulizador. - Aparelhos ou equipamentos de uso pessoal.

Confira se a quantidade de medicação será suficiente para o período. Leve sempre uma reserva para qualquer eventualidade. Fique de olho da validade das medicações e das receitas médicas também. Se você ou seu filho fazem uso de algum aparelho ou equipamento como, por exemplo, nebulizador, CPAP ou oxigênio, não esqueça de levar esses equipamentos e o que mais se faz necessário para seu funcionamento (como carregadores e baterias).

Documentos pessoais: - Certidão de Nascimento (original). - Identidade e CPF. - Carteirinha do convênio. - Cartão do SUS. - Carteira de vacinação. - Encaminhamentos médicos e requisições. - Exames e laudos. - Cartões do banco. - Talão de cheques (se fizer uso).

Leve os telefones e endereços também anotados para que não fique dependente apenas do celular. Pode acontecer algum imprevisto!
Confira se estão instalados e funcionando aplicativos de:
- Bancos e cartões.
- Transporte (táxi, Uber, etc).
- Comida (Ifood, UberEats, etc).
- Entregas (Rappi, etc).
- GPS, mapas e rotas (Waze, Google Maps, etc).
- Plano de saúde (se houver).

Mesmo que na hospedagem/hospital seja oferecido wifi (consulte possíveis taxas), verifique com sua operadora de telefonia os planos disponíveis para utilização de dados. Também é importante consultar sobre taxas de roaming (que são cobradas entre municípios diferentes) porque você pode ser tarifado inclusive para receber chamadas quando estiver fora da sua área. Pode valer a pena mudar de plano ou comprar um chip pré-pago com ddd local para utilizar enquanto estiver na cidade. Normalmente as operadoras tem valores melhores para ligações utilizando o seu código de serviço antes do ddd. Confira como realizar chamadas de longa distância (0 + operadora +  ddd).

Chamadas a cobrar:
- Dentro da mesma região: 9090 + número de telefone (sem ddd).
- Interurbano: 90 + operadora + ddd + número de telefone. 

Vivendo com Laringomalácia

Identifique todos os seus pertences, malas e volumes. Nos volumes maiores, junto com a identificação, coloque seus dados de contato para caso de perda ou extravio. Identifique também as roupas e pertences do bebê (com o nome ou com as iniciais).

Procure ter uma pessoa de referência na cidade para onde vai. Seja da família, amigo ou conhecido de alguém, vale a pena ter o contato. Procure nos grupos de apoio ou mesmo indicações de iniciativas e ONG´s por pessoas que possam te auxiliar se necessário.

Leve algum dinheiro e procure ter reserva para emergências a disposição (no banco ou mesmo alguma pessoa que você possa acionar se houver algum imprevisto). Confira se seus cartões não estão perto do vencimento e funcionando normalmente. Mantenha o app do seu banco atualizado e teste o acesso.
Procure a assistência social do hospital para saber o que eles podem fazer por vocês. O assistente social está lá para oferecer suporte aos pacientes. Esse suporte pode ser relacionado a apoio psicológico, orientações, mobilização de recursos e etc.

Pelo SUS, o TFD (tratamento fora de domicílio) prevê transporte e ajuda de custo para o acompanhante quando é necessário. Informe-se junto a secretaria da saúde da sua região. Lembrando que o TFD é um direito garantido por lei quando não existe especialidade médica ou tratamento disponível para o paciente onde ele está.

Com tudo isso feito, sua estadia fora da sua cidade será mais tranquila!, Mantenha contato com seus familiares e amigos para que você possa sentir-se mais amparada. Cuide muito de você, de sua saúde física e mental. Você é essencial para o sucesso do tratamento do seu filho. Precisa estar bem! Alimente-se e descanse sempre que puder. Mantenha a motivação com pensamentos positivos, orações (de acordo com o que acredita) e confie na equipe do hospital. Você e seu filho estarão em boas mãos!

E lembre-se: você não está sozinho!

Por Aretuza Comunello

Indo pra SPNo avião

Versão de checklist para impressão (GoogleDocs)
- Códigos das operadoras e telefones úteis

Cartilha disponível em
 http://www.laringomalacia.org/tfd

Todo conteúdo que disponibilizamos é meramente informativo. O diagnóstico e a condução do tratamento só devem ser feitos pelo seu médico. Textos e comentários não substituem a consulta médica. Cada caso é um caso e requer atenção médica individualizada. Se você acha que o bebê está com problemas para respirar, chame o SAMU ou procure o pronto atendimento.

Publicado em 02/08/2021